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 Energia e Meio Ambiente: Qual é a relação?  

Em 5 de junho de 2024, às 15:31

A relação entre o consumo de energia e o meio ambiente é um tema de grande relevância, especialmente no contexto das mudanças climáticas e da sustentabilidade. Quando analisamos o uso de energia ao longo da história industrial, nos deparamos com um consumo cada vez mais intenso, e isso tem gerado impactos significativos para o meio ambiente. A nossa sociedade é energointensiva, ou seja, utiliza grande quantidade de energia que, durante o processo de conversão e uso, será inevitavelmente degradada e gerará impactos no ambiente para além da emissão de gases do efeito estufa (escassez de recursos naturais, alteração de ecossistemas, poluição do ar, solo e água, por exemplo). Essa degradação irá se manifestar, inexoravelmente, na forma de calor e, consequente, no aumento da temperatura do nosso planeta. 

A Relação Histórica da Energia com o Meio Ambiente 

A Primeira Revolução Industrial, ocorrida no final do século XVIII, marcou o início da utilização massiva de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo. Utilizar tais fontes era necessário em função da crescente utilização das máquinas a vapor e, posteriormente, dos motores a combustão interna. Essa transição proporcionou avanços significativos na produtividade e na expansão econômica, mas também deu início a uma era de dependência dos combustíveis fósseis com efeitos ambientais e geopolíticos em escala global. Além da emissão de CO2 proveniente da queima desses combustíveis, o carbono que estava confinado foi também liberado na atmosfera durante a sua extração. 

Na Segunda Revolução Industrial, no século XIX, a utilização da energia elétrica tornou-se predominante, com a introdução de novas fontes, como a hidráulica e, eventualmente, a nuclear. Essas inovações ampliaram as capacidades industriais, mas introduziram novos desafios ambientais, como a geração de resíduos radioativos e a necessidade de grandes obras de infraestrutura. 

A Terceira Revolução Industrial, ou Revolução Digital, no século XX, exacerbou a demanda por energia com a proliferação de dispositivos eletrônicos e tecnologias da informação. Atualmente, a Quarta Revolução Industrial, caracterizada por tecnologias emergentes como a inteligência artificial (AI), a internet das coisas e a big data, novamente, eleva os padrões de consumo energético. 

Esse movimento, que acompanha o decorrer das eras industriais, nos mostrou, até hoje, que a demanda de energia vem crescendo vertiginosamente, especialmente em países em desenvolvimento, e a tendência é que se mantenha assim.  

Apesar da quantidade de energia no universo se manter constante, afinal, a anergia não é criada, nem destruída, ela se transforma, a sua qualidade está sendo deteriorada. Assim, toda energia gerada e consumida, mesmo que de origem renovável, irá produzir calor que não poderá ser utilizado novamente em outros processos e isso nos coloca diante de um grande desafio: ou repensamos a forma como nos relacionamos com a energia e com o meio ambiente ou, as condições de sobrevivência humana serão cada vez mais adversas.  

Oferta de Energia versus Demanda de Energia 

Existe uma distinção técnica importante entre oferta de energia e demanda de energia. A oferta de energia se refere a toda quantidade de energia que é gerada, enquanto a demanda representa a necessidade energética real solicitada. Atualmente, o Brasil vive um paradoxo:  a oferta de energia é muito maior do que a demanda. Segundo projeção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em 2028, o Brasil terá uma demanda de 110,98 GW, contra uma oferta que pode chegar a 281,56 GW ao final de 2027. Ou seja, a oferta vai superar a demanda em 2,5 vezes.  Isso evidencia o desperdício de energia e, consequentemente, os impactos negativos ambientais causados por uma geração desnecessária de energia. 

Isso é resultado de uma transição energética que prioriza o lado da oferta, da geração de energia a partir de fontes renováveis, e que, por vezes, negligência o lado da demanda: um consumo energético mais eficiente. A descarbonização da matriz energética é fundamental e urgente, porém, ela só será, de fato, efetiva se associada a ações de eficiência energética. A solução não é produzir mais energia, mas sim utilizar a energia disponível de forma eficiente e racional.  

Porque no fim, a energia mais limpa é, invariavelmente, aquela que não é consumida e, sobretudo, que não é desperdiçada. 

Energia, Meio ambiente e Eficiência energética 

O consumo de energia está associado ao desenvolvimento socioeconômico de uma nação. Países mais desenvolvidos possuem um consumo de energia per capita maior que aqueles em desenvolvimento. Por exemplo, em 2022 os Estados Unidos apresentaram um consumo per capita de 12.154 kWh enquanto o consumo médio per capita brasileiro nesse ano foi de 2.362 kWh/hab, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No Brasil, esse valor tem aumentado constantemente nas últimas décadas. 

Esses dados evidenciam a urgência de repensarmos, como sociedade, nosso padrão de consumo, e isso passa, inevitavelmente pela Eficiência Energética. Como apontado pela Internacional Energy Agency (Agência Nacional de Energia – IEA), a EE, outrora considerada “combustível escondido” (hidden fuel), é atualmente tratada como o “primeiro combustível” (first fuel), e uma alternativa para reduzir a pressão sobre o aumento da oferta de energia. 

O ODEX, índice que avalia os ganhos em eficiência energética, tem melhorado no Brasil desde 2005. Os dados de 2021 da EPE mostram que o país se tornou 12% mais eficiente neste período (2005-2021). Porém, ainda há muito o que ser feito nesse sentido, principalmente no setor industrial e isto envolve a adoção de tecnologias mais eficientes, a implementação de políticas de conservação de energia e a promoção de comportamentos sustentáveis.  

Ao melhorar a eficiência energética, é possível reduzir o consumo desnecessário, diminuir a utilização dos recursos naturais e minimizar os impactos ambientais associados à geração de energia. 

Em suma, a reflexão sobre os padrões de consumo da nossa sociedade deve levar à busca de soluções mais sustentáveis, que não apenas atendam às necessidades atuais, mas, também preservem o meio ambiente para as gerações futuras. A eficiência energética não é apenas uma exigência técnica, mas uma responsabilidade ética e social que deve ser buscada, incentivada e adotada por todos.  

Fonte: Programa PotencializEE

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