Engenheiro do Procel, Samuel Moreira Duarte dos Santos foi o entrevistado do quinto episódio do PotencializEE Convida, onde fala sobre a evolução da EE na indústria brasileira 

Instituído pelo governo para promover o uso eficiente da energia elétrica, em 1985, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) trabalha atualmente por meio de subprogramas em áreas específicas, como o PROCEL Indústria. O engenheiro do Programa Samuel Moreira Duarte dos Santos trouxe detalhes dessa atuação no quinto episódio do PotencializEE Convida, disponível no Spotify e YouTube.

Na conversa com a jornalista Rosane Serro, Samuel dos Santos explicou que um dos principais gargalos da indústria nacional na eficiência energética (EE) Industrial é a falta de monitoramento energético, que leva a uma gestão ineficiente da energia. Segundo ele, há empresas que possuem um sistema de monitoramento sofisticado que analisa os dados coletados, mas esse cenário infelizmente não é geral. O engenheiro indicou que existem indústrias que, apesar de terem o sistema de monitoramento, não fazem a análise de dados; o que configura como uma não gestão energética. Há outras que nem  monitoramento fazem.

Mesmo diante desse cenário, Samuel afirma que houve evolução na eficiência energética do setor industrial brasileiro. “Quando a gente compara o nosso setor industrial da década de 90 com o que temos hoje, percebe-se uma evolução significativa. Evidentemente, foram feitas algumas ações fora do PROCEL. As próprias indústrias passaram a entender a importância do uso energético pela questão da economia e, mais recentemente, pela questão ambiental”, completou o engenheiro.

Samuel dos Santos apontou que, desde a criação do subprograma PROCEL Indústria, estudos foram feitos na área a fim de melhorar a implementação da EE. No seu entender, a Eletrobras produziu um dos mais amplos sobre o potencial de eficiência energética do setor industrial brasileiro. Ele identificou que os sistemas motrizes eram os principais consumidores de energia. Ainda no estudo realizado, a energia térmica teve um grande destaque com a indicação de que  82% do consumo energético industrial é  oriundo de  sistemas térmicos.

Sobre os sistemas motrizes industriais, o engenheiro ressalta que, ao fazer uma pesquisa na Internet sobre o tema, verifica-se que “várias ações de Eficiência Energética têm como único objetivo a substituição do motor elétrico”. Essa, na sua opinião, não é a forma mais racional de se trabalhar com sistemas motrizes, uma vez que eles possuem vários componentes, inclusive o motor elétrico. “Não adianta substituir o motor elétrico em um sistema de bombeamento, por exemplo, se, ao final, a água está sendo desperdiçada. Se há desperdício de água, será preciso bombear mais para alcançar o mesmo resultado. O que é necessário, em termos de eficiência energética, não é olhar apenas um componente específico, mas para o sistema como um todo”, explicou Samuel.

O PotencializEE Convida é uma realização do Programa PotencializEE e tem como  proposta ser um lugar para apresentação de soluções, tendências e tecnologias ligadas ao universo da eficiência energética. O programa traz, todo mês, entrevistas exclusivas com os importantes nomes do setor Brasil.