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Eficiência Energética: o que é e quais as vantagens?

Em 30 de janeiro de 2023, às 10:28

Eficiência energética é o uso racional e eficaz da energia para atender às necessidades humanas sem comprometer o meio ambiente. Isso inclui medidas para reduzir o consumo de energia, melhorar a eficiência de equipamentos e processos e aumentar a utilização de fontes de energia renováveis.

Neste artigo, mostramos como essas medidas podem ser colocadas em prática em nosso dia a dia, em especial em instalações industriais e em empresas de um modo geral.

  • A Eficiência Energética pode ser implementada em estruturas particulares ou públicas;
  • A troca de lâmpadas incandescentes por de LED foi uma das principais medidas de Eficiência Energética adotada no Brasil nos últimos anos;
  • Por meio de ações técnicas, a economia anual com consumo de energia do setor industrial no Brasil pode chegar a R$ 5 bilhões;
  • O setor industrial brasileiro tem um potencial médio de redução de consumo de 11,1%;
  • Especialistas ambientais consideram o uso racional de energia como uma das principais medidas mais promissoras no combate às mudanças climáticas, com a redução do consumo de combustíveis fósseis.

O conceito de Eficiência Energética consiste em formas de geração e utilização de energia que combine de maneira efetiva o menor uso possível de recursos naturais e financeiros. Objetivo final é evitar ao máximo o desperdício, de maneira que equipamentos utilizem energia estritamente necessária para o seu funcionamento, desde uma lâmpada elétrica a instalações industriais.

O uso eficiente de energia exige equipamentos que tenham bom desempenho, ou seja, utilizem menos eletricidade para gerar a mesma quantidade de energia útil em relação a outros similares.

No Brasil, uma das principais ações práticas é o Selo Procel de Eficiência Energética, que classifica eletrodomésticos mais ou menos eficientes energeticamente (A a C ou G).

Boas práticas no uso de energia trazem uma série de benefícios, principalmente ao meio ambiente. Especialistas ambientais indicam o investimento no uso racional de energia, tanto no setor público quanto no privado, como uma das medidas mais eficazes para o combate às mudanças climáticas. Trata-se de uma iniciativa mais barata e rápida de reduzir o consumo de combustíveis fósseis.

De um modo geral, a Eficiência Energética pode ser aplicada em residências, prédios comerciais, instalações públicas, no transporte e nas indústrias. É neste último setor que o PotencializEE, programa liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e coordenado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), vem apostando desde 2020.

O foco do programa são as Pequenas e Médias Indústrias de São Paulo, ainda distantes de serem energeticamente eficientes como grandes indústrias da região, por falta de recursos e de conhecimento sobre o tema.

Como praticar a Eficiência Energética

Agora que apresentamos o conceito da Eficiência Energética e onde se aplica, vamos explicar como o conceito é colocado em prática. Na indústria, onde atua o PotencializEE, as boas práticas abrangem desde medidas simples, como a utilização de lâmpadas de LED, à correção de vazamentos de ar em compressores industriais.

Mais que luz de LED: há muitas formas de implementar a Eficiência Energética

Instalações industriais utilizam equipamentos como motores, bombas e compressores, que precisam ser eficientes porque demandam muita energia. Em uma avaliação do potencial de Eficiência Energética, um especialista do PotencializEE avalia todos os equipamentos e indica quais precisam ser substituídos por outros mais eficientes. Além disso, indica quais podem ser melhorados para um desempenho igual ou melhor consumindo menos.

No programa, profissionais certificados pelo SENAI-SP realizam um pré-diagnóstico gratuito que avalia todas as oportunidades de redução de consumo e custos para Pequenas e Médias Indústrias de São Paulo, que podem se inscrever no site.

10 boas práticas de Eficiência Energética

O guia técnico Eficiência Energética na Tomada de Decisão, lançado pelo PotencializEE, lista boas práticas que podem ser praticadas pelas indústrias. Entre elas: 

  1. Sempre fazer a operação correta dos equipamentos e sistemas
  2. Substituir equipamentos ultrapassados que consomem um alto nível de energia por novos equipamentos melhor classificados em desempenho
  3. Sincronizar os sistemas de produção evitando operações de equipamentos em vazio e/ou perdas de matéria-prima
  4. Realizar a manutenção dos equipamentos e sistemas periodicamente
  5. Favorecer a recuperação de calor residual
  6. Utilizar inversores de frequência ou soft-starters em sistemas motrizes
  7. Realizar treinamentos com a equipe de colaboradores em relação à temática de eficiência energética
  8. Adotar uma política de gestão de eficiência energética na empresa, que vise
  9. recompensar os esforços dos colaboradores no tema.
  10. Aplicar técnicas como Lean Manufacturing, que tenham indicadores claros de redução de consumo de energia.

Vantagens da Eficiência Energética

Qualquer melhoria realizada por uma empresa em seus processos produtivos resulta em vantagem competitiva frente aos concorrentes. No caso do uso eficiente de energia elétrica, proporciona redução de custos de produção e mantém a qualidade final do produto. Além disso, reduz tempo de fabricação e impactos no meio ambiente.

Participante do PotencializEE, a Jampac teve uma redução expressiva nos custos de produção de alimentos após a implementação de medidas de Eficiência Energética em sua fábrica.

“Nosso maior custo de energia elétrica está na geração de frio. Um levantamento dos especialistas do SENAI-SP indicou motores específicos para cada compressor. Depois de uma remodelação de todo parque motriz, tivemos uma redução de aproximadamente R$ 2 centavos por quilo de produto produzido”, conta o sócio-administrador Claudio Cesar Pessotto.

Ao contrário de outros investimentos, a receita da Eficiência Energética é gerada pela economia de energia e não pelas atividades da empresa. O valor do investimento é recuperado em cerca de um ano, em média, conforme os casos de sucesso do programa.

“Uma empresa que ainda não implementou Eficiência Energética está perdendo dinheiro. Os processos de troca de equipamento, nova geração de energia e aquisição de tecnologias mais recentes dão retorno muito rápido e, quando uma indústria não adere à mudança, está deixando de ser competitiva porque o mercado já está com o olhar voltado para essa questão. É uma tendência que só tende a crescer e, por isso, as PMEs industriais têm que olhar para esse cenário também”, afirmou a coordenadora da FIA Business School, Monica Kruglianskas, em entrevista ao PotencializEE Convida.

As reduções nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) alcançadas pelo PotencializEE atendem às metas da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, estabelecida no Acordo de Paris. Até o fim de sua atuação no Brasil, o programa quer reduzir 1,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente e economizar o consumo ineficiente de 7.267 GWh de energia.

Para que as metas sejam cumpridas, são necessários três vezes mais trabalhadores e trabalhadoras no mercado de Eficiência Energética até 2030.

10 vantagens sociais da Eficiência Energética

Os benefícios sociais, ambientais e financeiras relacionadas a investimentos em Eficiência Energética incluem:

  1. Combate ao aquecimento global
  2. Diminuição local da poluição do ar e melhora da qualidade de vida de bairros vizinhos ao pólos industriais 
  3. Redução nos gastos com energia
  4. Menor consumo de energia, água e outros recursos naturais
  5. Geração de empregos
  6. Maior competitividade econômica
  7. Redução da pobreza
  8. Segurança energética e inovação
  9. Alinhamento com medidas ESG
  10. Redução na emissão de gases do efeito estufa na atmosfera

Eficiência Energética no Brasil

Em entrevista ao PotencializEE Convida, Monica Kruglianskas também fez um paralelo do cenário da Eficiência Energética no Brasil e na Europa. Em comparação com o velho continente, o Brasil ainda está nos estágios iniciais de implementação de boas práticas nos mais diversos setores. No exterior, as medidas são defendidas por leis obrigatórias e a implementação é avançada e combinada com o uso de energia de fontes renováveis, como a eólica.

Em um ranking divulgado pelo ACEEE (Conselho Americano para Economias Eficientes em Energias) em 2018, o Brasil apareceu como um dos piores em Eficiência Energética, na 20ª posição. Entre os principais motivos, a falta de padrões obrigatórios para instalações elétricas e indicadores de Eficiência Energética, dentre outras razões citadas pelo site Setor Elétrico

O PotencializEE é considerado o programa de Eficiência Energética mais bem-sucedido no Brasil atualmente, conforme avaliou a Agência Internacional de Energia (IEA) em seu relatório sobre o desenvolvimento global dos mercados e políticas de Eficiência Energética em 2022. Porém, a iniciativa não está sozinha.

Há 20 anos, o Brasil conta com o Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que promove o uso eficiente da energia através da Lei nº 9.991. Por meio da legislação, concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica são obrigadas a aplicarem anualmente 0,5% de sua receita em pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico.

Ao longo de duas décadas, o PEE realizou mais de 1000 projetos em diversos setores da economia brasileira. No entanto, somente 42 – pouco mais de 4% – foram voltados para a indústria, mesmo o setor sendo o maior consumidor de energia do país. 

Eficiência Energética nas indústrias

Custo alto de energia ainda não inspira implementação de Eficiência Energética nas indústrias

De acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o custo da energia elétrica para a indústria brasileira é um dos mais altos do mundo. Em países como como Estados Unidos, Coreia do Sul e México as indústrias pagam bem menos por sua energia. De acordo com a Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), o custo do gás natural para a indústria brasileira é quase três vezes maior que nos Estados Unidos.

Durante e depois da pandemia da Covid-19, os valores se tornaram ainda maiores, principalmente nas pequenas e médias empresas. Apesar de gastar muito com energia, são poucas as indústrias com sistemas energeticamente eficientes instalados – e o número se torna ainda menor nas PMEs.

Dados do Balanço Nacional Energético de 2021 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que a indústria brasileira consome 32% da energia produzida no país, sendo 40% de eletricidade gerada por fonte hidrelétrica. Apesar de usar um recurso renovável, a água, ainda provoca um elevado impacto ambiental no seu processo de instalação. Apesar das porcentagens altas, a Empresa de Pesquisa Energética apurou que o setor industrial brasileiro tem um potencial médio de redução de consumo de 11,1%.

Economia com a Eficiência Energética

O setor tem consumido cada vez mais energia, com um gasto anual de R$ 75 bilhões por 170 mil indústrias. Desse valor, R$ 16 bilhões é desembolsado com combustíveis. Um terço dessa energia, entretanto, poderia ser poupada, especialmente nas Pequenas e Médias Empresas industriais e com intervenções térmicas, chegando a uma economia anual de R$ 5 bilhões.

Números de consumo e emissões cada vez maiores ressaltam a urgência de uma implementação consistente de projetos de Eficiência Energética e de mitigação das emissões de GEE, especialmente entre pequenas e médias empresas industriais (PMEs). 

Muito mais do que reduzir os gastos de energia em uma indústria em até 20%, os investimentos em Eficiência Energética contribuem para colocar o Brasil na liderança da descarbonização e do crescimento sustentável.

Fonte: Programa PotencializEE

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